Receber o diagnóstico de prolapso da válvula mitral pode assustar, principalmente se você desconhece detalhes sobre o funcionamento do coração.
Porém, nem sempre essa anomalia causa sintomas ou complicações.
Na maioria das casos, o prolapso é benigno.
Inclusive, não interfere na vida do paciente, podendo ser descoberto com a realização do exame clínico ou ecocardiograma de rotina.
No entanto, é importante acompanhar o quadro para evitar problemas como arritmias, falta de ar ou eventos mais graves e raros, a exemplo da insuficiência cardíaca.
Ao longo das próximas linhas, explico do que se trata o prolapso da válvula mitral, sinais, diagnóstico e tratamento.
Siga com a leitura para saber como realizar uma avaliação preventiva com o auxílio da teleconsulta.
O que é prolapso da válvula mitral?
Prolapso da válvula mitral (PVM) é uma anomalia que altera o formato de partes dessa válvula, permitindo o refluxo de sangue do ventrículo esquerdo para o átrio esquerdo.
Segundo estimativas, essa é a anormalidade valvar mais comum em todo o mundo, atingindo entre 5% e 10% da população.
Para entender o efeito do prolapso, é preciso voltar alguns passos e falar sobre o funcionamento e a anatomia do coração.
O músculo cardíaco é formado por 4 câmaras (2 átrios e 2 ventrículos) e 4 válvulas (aórtica, mitral, tricúspide e pulmonar).
Cada uma dessas estruturas desempenha uma tarefa para que o coração bata e envie sangue oxigenado para todo o organismo.
Enquanto as câmaras se contraem e relaxam para bombear o sangue, as válvulas se abrem e fecham, evitando que ele volte para a câmara de onde saiu.
O sangue passa primeiro pelos átrios, que são as câmaras superiores para, em seguida, chegar aos ventrículos e ser impulsionado para a artéria aorta, que o distribui ao restante do corpo.
Em pessoas saudáveis, o sangue irriga o coração indo em uma direção única: dos átrios para os ventrículos.
A válvula mitral fica entre o átrio e ventrículo esquerdo, sendo formada por dois folhetos finos.
Seu papel é fechar os dois folhetos depois que o sangue sai do átrio esquerdo em direção ao ventrículo esquerdo, evitando o refluxo para o átrio.
Quando a válvula é normal, os folhetos funcionam como pequenas portas que se ajustam perfeitamente quando o ventrículo esquerdo contrai, fechando a passagem para o átrio.
Já em pessoas que têm prolapso da válvula mitral, ocorre um processo que modifica os folhetos, deixando-os maiores, mais espessos ou largos, o que atrapalha seu funcionamento.
Esse processo é congênito, ou seja, ocorre durante a formação do miocárdio, no começo da gravidez.
Por causa das mudanças no tamanho e espessura, um folheto acaba empurrando o outro para cima, deixando espaço para que o sangue volte para o átrio esquerdo.
Como a válvula não cumpre seu papel, dizemos que há insuficiência mitral.
Prolapso da válvula mitral é perigoso?
Em geral, essa anomalia não é perigosa.
Tanto que a maior parte das pessoas afetadas leva uma vida normal, descobrindo o problema durante consultas e exames de rotina pedidos pelo cardiologista.
Isso porque, dependendo do caso, o prolapso permite que mais ou menos sangue retorne à câmara superior (átrio).
Quando a anomalia é pequena, pode ser que o paciente não tenha sintomas, nem precise de tratamento.
Em outras situações, o quadro pode se tornar grave, exigindo o controle com medicamentos, cateterismo ou intervenção cirúrgica.
Prolapso da válvula mitral pode matar?
A malformação em si não tem o potencial de matar.
Porém, uma pequena parcela das pessoas afetadas desenvolve complicações ao longo da vida, e algumas são perigosas.
É o caso de arritmias importantes e endocardite (infecção da válvula).
Arritmias são alterações no ritmo normal do coração que podem atrapalhar seu bom funcionamento, dificultando o bombeamento do sangue.
Caso não sejam tratadas, elas podem colaborar para a insuficiência cardíaca – um quadro grave e capaz de matar.
Outro alerta foi dado por um estudo divulgado em 2018 por pesquisadores da Universidade de Adelaide, na Austrália.
Os resultados sugerem que indivíduos com prolapso da válvula mitral têm risco elevado para arritmias graves e morte súbita cardíaca.
Causas do prolapso na válvula mitral
Como citei mais acima, a malformação na valva mitral ocorre quando o bebê ainda está no útero da mãe.
Ela pode ser desencadeada por fatores hereditários, nos casos em que alterações genéticas são transmitidas dos pais para os filhos.
Mas também há situações em que o prolapso na válvula mitral surge sem causa aparente, sendo classificado como primário.
O prolapso pode, ainda, ser secundário se tiver ligação com outras doenças, por exemplo:
- Síndrome de Marfan: patologia hereditária que afeta o tecido conjuntivo, gerando problemas em áreas como visão, coração e ossos
- Doença renal policística: provoca o surgimento e crescimento de múltiplos cistos nos rins
- Síndrome de Ehlers-Danlos: doença hereditária que afeta o tecido conjuntivo, deixando a pele e os vasos sanguíneos enfraquecidos.
Sintomas de prolapso da válvula mitral
Neste ponto do texto, você já sabe que a maioria dos pacientes com prolapso da válvula mitral não relata sintomas, recebendo o diagnóstico por sua rotina preventiva.
Quando existem sinais, costumam gerar palpitações e fadiga, provavelmente por consequência da oxigenação inadequada das células, diminuindo o vigor do paciente.
Vale lembrar que o coração bombeia sangue oxigenado pelo organismo e que distúrbios na trajetória do líquido podem ter efeitos negativos na oxigenação das células.
Em alguns casos, o prolapso contribui para um desequilíbrio no sistema nervoso, favorecendo o aparecimento de crises de ordem mental ou emocional.
A seguir, trago uma lista com os principais sintomas de PVM:
- Palpitações
- Cansaço crônico
- Dor no peito, normalmente, sentida como uma pontada prolongada
- Falta de ar
- Tontura
- Desmaio
- Sensação de pernas e braços dormentes
- Crises de ansiedade
- Ataques de pânico
- Depressão.
Como é feito o diagnóstico de prolapso da válvula mitral
O diagnóstico do prolapso é feito a partir de uma combinação entre análise do histórico do paciente, anamnese, avaliação clínica e exames complementares.
A análise do histórico pode sugerir episódios em que apareceram sintomas como palpitação, dor no peito e falta de ar.
Essas informações podem ser observadas no prontuário médico ou relatadas pelo próprio paciente durante a entrevista (anamnese).
Daí a importância de compartilhar experiências relacionadas quando você estiver conversando com seu médico.
Até mesmo casos de história familiar podem ser sinalizados, permitindo a identificação da origem da anomalia.
A avaliação clínica permite observar a condição do paciente, descartar outras doenças e utilizar o estetoscópio para auscultar os batimentos cardíacos.
Caso o paciente apresente sintomas, é mais provável que procure por um cardiologista logo de início para começar uma investigação.
Porém, a maior parte das pessoas que tem PVM não percebe nenhum sintoma, o que faz sua avaliação ter início, algumas vezes, no consultório de um clínico geral.
Ao solicitar testes de rotina, por exemplo, um eletrocardiograma (ECG), o médico verá que existem alterações (se houver arritmias) e fará o encaminhamento ao cardiologista.
Outro sinal aparece durante a ausculta do coração, quando é possível ouvir um click ou estalido, seguido ou não por um ruído – o sopro.
O sopro indica que o sangue está retornando para o átrio esquerdo.
Geralmente, o diagnóstico é confirmado com um ecocardiograma, que é um ultrassom do músculo cardíaco.
Através de ondas acústicas, o teste mostra imagens do coração em tempo real, com detalhes de anatomia e funcionamento, incluindo características das válvulas.
Assim, o cardiologista verifica a intensidade do prolapso na valva mitral, o que lhe dá suporte para indicar o tratamento mais adequado.
Existe tratamento para os casos de prolapso?
Sim, existe tratamento.
A indicação da terapia depende de fatores como:
- Gravidade do prolapso
- Se a anomalia permite o escape de uma quantidade considerável de sangue do ventrículo para o átrio esquerdo
- Se há sintomas, e quais são eles.
Isso porque muita gente tem um prognóstico positivo, sem que o PVM interfira em suas atividades diárias.
Nessas situações, o cardiologista recomenda apenas um monitoramento periódico, a fim de controlar qualquer complicação que se apresente.
Um exemplo é a infecção da válvula ou endocardite, que costuma surgir após a realização de tratamentos dentários.
Por causa da anatomia do prolapso, a válvula mitral fica mais suscetível a infecções por bactérias da boca que podem cair na circulação sanguínea.
Nesses casos, o médico responsável pelo acompanhamento do paciente receita um antibiótico como prevenção da endocardite.
Sintomas e casos graves
Contudo, quando há sintomas, é preciso aliviá-los para melhorar a qualidade de vida.
Quem sofre com palpitações, por exemplo, se beneficia do uso de betabloqueadores.
Já quem tem arritmias pode utilizar antiarrítmicos para evitar danos ao funcionamento do coração.
Esses e outros medicamentos só devem ser ministrados sob prescrição médica.
Nos casos mais graves, as medicações não resolvem o problema, que se agrava e pode até colocar a vida do paciente em risco.
Por vezes, é necessária intervenção cirúrgica para substituir a válvula mitral, acabando com o refluxo sanguíneo no coração.
A abordagem escolhida costuma priorizar técnicas menos invasivas, como o cateterismo – que usa um tubo fino e flexível para acessar os vasos sanguíneos e válvulas.
Essa técnica é combinada à valvuloplastia mitral, operação em que o cirurgião conserta ou troca a válvula malformada para impedir a regurgitação do sangue.
Como a telemedicina cardiológica ajuda na prevenção
Embora não dê para prevenir o prolapso da válvula mitral, é possível impedir agravos para levar uma vida normal.
E, muitas vezes, o primeiro passo é investir mais nos cuidados de saúde, fazendo um checkup anual, com consultas e bateria de exames.
Um dos especialistas que devem ser incluídos nesse checkup é o cardiologista, uma vez que os males cardiovasculares estão entre os mais comuns atualmente.
É durante a avaliação de rotina que problemas como o PVM podem ser identificados de forma precoce, antes de qualquer evolução ou sintoma importante.
Assim, o especialista recomenda medidas de prevenção para evitar complicações decorrentes do prolapso.
Afinal, só se pode tratar aquilo que é conhecido e diagnosticado corretamente, concorda?
Hoje em dia, você e sua família não precisam depender somente das visitas tradicionais ao consultório, clínica ou hospital.
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A opção de teleconsulta ajuda a manter uma rotina de cuidados com a saúde, uma vez que não exige a espera em filas, gasto de tempo e dinheiro com deslocamento.
Se for necessário fazer o exame físico, o acompanhamento posterior pode ser realizado por meio do telemonitoramento.
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Conclusão
O prolapso da válvula mitral (PVM) é uma anomalia que pode ter implicações diferentes, dependendo da gravidade do caso.
A maior parte das pessoas afetadas nem se dá conta de que tem PVM, enquanto uma parcela menor sofre com sintomas e complicações.
Quando o problema é silencioso, sua detecção depende de uma rotina de cuidados preventivos junto ao cardiologista.
Essa rotina fica mais simples com a ajuda da telemedicina cardiológica, que viabiliza a teleconsulta de um jeito prático e acessível.
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Este artigo foi originalmente publicado em https://telemedicinamorsch.com.br/blog/prolapso-da-valvula-mitral
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