O sarampo é uma doença infecciosa grave, altamente contagiosa e que pode levar à morte caso não seja combatida da maneira correta.
No ano de 2016, a Organização Pan-Americana de Saúde concedeu ao Brasil o certificado de erradicação da patologia, graças ao alcance da taxa de vacinação recomendada pela OMS, que é de mais de 95% da população.
Contudo, o crescente compartilhamento de notícias falsas e o movimento de negação das vacinas fez o país perder este importante marco.
Nesse sentido, a primeira reincidência ocorreu em 2018 nos estados de Roraima e Amazonas. O problema evoluiu e, em 2020, o sistema de saúde brasileiro também teve que lidar com um novo surto de sarampo.
Somente em 2020, foram 8.419 casos confirmados em 21 estados, sendo o epicentro no Pará, que apresentou o índice de apenas 27,7% da sua meta de vacinação cumprida, resultando em cinco óbitos no estado.
Mas, como a campanha de vacinação contra o sarampo é realizada e qual deve ser a postura da população diante dela?
Para esclarecer melhor o assunto, elaborei este artigo com as características mais importantes da doença, os meios de identificá-la, preveni-la e de manter sua correta imunização.
O que é sarampo?
O sarampo consiste em uma doença viral com alto potencial contagioso, que tem uma evolução extremamente rápida e com complicações graves.
A dificuldade de seu controle está justamente na facilidade de sua transmissão, que ocorre por contato direto ou por tosses, espirros e até mesmo pela respiração.
Ela afeta principalmente as crianças no primeiro ano de vida, sendo que as complicações são mais comuns nos menores de 5 anos, mas também podem ocorrer em maiores de 20 anos.
Os seus agravamentos variam de acordo com a fase da vida em que se encontra o paciente. Nos adultos, o mais comum é a pneumonia.
Já nas crianças, os riscos são mais alarmantes. De acordo com dados divulgados no portal da Secretaria da Saúde do Paraná, 3 a cada 1.000 podem morrer por conta da patologia.
A causa mais comum das fatalidades é a pneumonia, que acomete 1 a cada 20 crianças. Há também a encefalite aguda, que atinge 1 a cada 1.000 indivíduos e é fatal para 10% deles.
Outro risco para os menores são as infecções do ouvido, que ocorrem em cerca de 1 a 10 crianças e podem gerar perdas auditivas permanentes.
No caso das gestantes, é importante vacinar-se contra o vírus do sarampo antes da gravidez, já que o imunizante é contraindicado durante a gestação. Caso isso não seja feito, uma possível ocorrência da doença pode gerar parto prematuro.
Ao longo dos próximos itens, explico melhor quais são os sintomas, meios de transmissão e outros pontos de atenção de suma relevância sobre a patologia.
Quais são as causas do sarampo?
O nome científico do agente causador da doença é Measles morbillivirus, que é popularmente chamado de vírus do sarampo. O contágio da patologia ocorre por vias áreas, durante a respiração, fala, ao espirrar ou ao tossir.
Estima-se que uma pessoa infectada com sarampo gere transmissão para cerca de 90% dos indivíduos não imunizados ao seu redor.
Dessa forma, o período mais intenso de contágio ocorre 4 dias antes e 4 dias depois do aparecimento das manchas vermelhas pelo corpo.
Inclusive, as manchas de sarampo representam o sintoma clássico da patologia, mas outros sinais severos devem ser observados. Conheça-os no item seguinte.
Principais sintomas do sarampo
O sarampo tem sintomas inicialmente análogos a outras doenças virais, como febre, tosse, corrimento e entupimento nasal, irritação nos olhos e mal-estar generalizado, que pode incluir dor de cabeça, cansaço excessivo e dores pelo corpo.
A evolução da doença é veloz. Em síntese, após três ou cinco dias do aparecimento dos primeiros sintomas, o paciente passa a observar manchas avermelhadas, atrás das orelhas e no rosto, que logo se espalham para todo o corpo.
Como é feito o diagnóstico de sarampo?
Todas as pessoas com sarampo devem buscar por uma consulta médica assim que observarem seus sintomas.
As crianças, jovens adultos e os pacientes imunodeprimidos são aqueles com maiores riscos de complicações, e devem ter atenção reforçada sobre a patologia.
Durante o atendimento, o médico primeiro irá avaliar o histórico do indivíduo e seu relato sobre os sintomas.
Então, realiza-se um exame físico, que determina o diagnóstico no paciente.
Como o sarampo tem sintomas parecidos com os da catapora, rubéola e roséola, o especialista deve confirmar o diagnóstico com alguns exames específicos.
Os procedimentos mais comuns são os sorológicos, como os de sangue, cultura da urina e cultura da garganta.
O paciente com suspeita da doença deve se manter isolado, utilizando máscara e tomando cuidados para evitar a transmissão do vírus na sua região.
Além disso, cabe ao médico comunicar o caso às autoridades sanitárias para que mantenham-se alertas a um possível surto.
Essa comunicação é chamada de notificação compulsória e inclui todas as suspeitas, independentemente de sua confirmação.
Como ocorre a transmissão do sarampo?
Conforme reforcei ao longo deste artigo, o sarampo tem transmissão elevada de pessoa para pessoa, que ocorre normalmente pela respiração, tosse, fala e espirros.
Soma-se a isso o fato de que as gotículas com partículas virais podem permanecer por um período relativamente longo nos ambientes.
O contágio também ocorre dentro de locais fechados ou no contato com objetos que tenham secreções respiratórias de alguém infectado.
Sarampo tem tratamento?
O sarampo possui tratamento voltado aos seus sintomas e complicações. Não há intervenção específica para a patologia em si.
Apesar de não existirem medicamentos próprios para a doença, a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda o uso da vitamina A. Em síntese, a orientação desse uso ocorre, pois a vitamina A, minimiza os efeitos e chances de mortalidade do sarampo, quando consumida imediatamente após o diagnóstico.
É direito dos pacientes que o médico determine os melhores meios de aliviar os sintomas e de prevenir as complicações do sarampo, minimizando agravamentos mais severos e até fatais.
Antitérmicos e analgésicos, como o Paracetamol são os medicamento mais comuns ministrados nos pacientes infectados.
Além de intervenções específicas para complicações como a pneumonia, é fundamental o repouso, a hidratação e uma dieta especial.
Toda intervenção deve ser orientada por um médico, e a automedicação jamais deve ser considerada, uma vez que gera tratamentos ineficientes ou problemas ainda piores de saúde.
Prevenindo a ocorrência de sarampo
A vacina do sarampo e a eliminação do contato com pacientes infectados são as únicas formas preventivas contra a doença.
O Ministério da Saúde, define e revisa constantemente os critérios de imunização, variando de acordo com as características de cada pessoa.
O direcionamento ocorre das vacinas ocorre da seguinte forma:
- Primeira dose: crianças com 12 meses completos;
- Segunda dose: crianças com 15 meses completos;
Nos estados que recentemente tiveram aumento nos índices de sarampo, as autoridades podem recomendar uma dose extra entre os 6 meses e 1 ano de idade.
Já no caso dos adultos de até 29 anos que tomaram apenas uma dose da vacina, é fundamental tomar a segunda.
Com as duas doses comprovadas, não é necessário vacinar-se novamente. Entretanto é também recomendada a vacina, para quem não tem certeza da sua imunização.
Nessas situações, adultos de 30 a 59 anos devem tomar apenas uma dose. Até os 29 anos de idade, duas doses são necessárias.
Vale ressaltar que nunca se deve aplicar a vacinação em gestantes. Como ela é produzida com o vírus do sarampo atenuado, a baixa imunidade gerada pela gravidez pode causar complicações ou mesmo desenvolver a doença.
Por isso, o Ministério da Saúde recomenda que as mulheres com planos de engravidar chequem suas doses e, se necessário, tomem a vacina antes, observando o Calendário Nacional de Vacinação.
Sobre a campanha de vacinação contra sarampo
Como citei na introdução, o território brasileiro foi certificado em 2016 com a erradicação da doença pela Organização Pan-Americana de Saúde.
Contudo, a adesão às campanhas de vacinação contra o sarampo e outras doenças teve uma diminuição severa a partir de 2017.
O ideal, de acordo com a OMS, é que 95% de toda a população nacional seja vacinada. Ou seja, para alcançar anualmente o índice autoridades sanitárias seguem trabalhando, por meio de campanhas e ações do SUS, por exemplo.
Para quem quiser se vacinar, basta procurar a unidade de saúde mais próxima da sua residência. Além disso, instituições privadas também oferecem o imunizante.
Mesmo com os entraves gerados pelas notícias falsas contra as vacinas, o país é referência mundial em vacinação e já conquistou excelentes resultados em suas ações reparativas.
No ano de 2019, por exemplo, as campanhas nacionais foram intensificadas após a baixa adesão, e conquistaram os melhores índices em relação aos 5 anos anteriores, com 99,4% das crianças de até um ano de idade vacinadas, de acordo com dados do Governo Federal.
Apesar do novo surto em 2020, esse é um indicativo de que o trabalho do SUS é eficaz e que cabe principalmente aos estados em que o sarampo ainda circula reforçar suas ações de vacinação.
Sobre as vacinas
Atualmente, existem 3 tipos de vacinas para sarampo. A aplicação de cada uma depende das diretrizes do Plano Nacional de Imunização e da situação epidemiológica de cada região.
Em primeiro lugar, está a vacina Dupla Viral, que imuniza contra o sarampo e contra a rubéola. utilizada apenas em situações de bloqueio vacinal durante ocorrências de surtos.
Já as mais eficazes e amplamente utilizadas junto à população são a Tríplice Viral e a Tetra Viral. A primeira garante proteção contra os vírus do sarampo, caxumba e rubéola. Por sua vez, a segunda confere imunização contra essas doenças e também para a varicela.
Todas elas são eficazes, seguras e indispensáveis para o sistema de saúde brasileiro, sendo que seu método de funcionamento é por meio da presença de agentes virais atenuados.
Isso significa que as vacinas têm vírus vivos em sua composição, mas que perderam a capacidade de adoecer as pessoas. Quando entram em contato com o organismo, eles ativam o sistema imunológico sem comprometer a saúde do paciente, que passa a produzir anticorpos para que fique fortalecido contra possíveis infecções.
Conclusão
Ao longo deste artigo, esclareci em detalhes o que é sarampo, porque ele é tão perigoso, como identificá-lo e quais são as condutas de saúde empregadas para o seu combate.
Nesse sentido, é imprescindível para toda a população aderir ao Plano Nacional de Vacinação e prezar pelas doses corretas da vacina.
Somente assim podemos manter a doença erradicada e minimizar seus riscos entre os grupos com maiores chances de agravamentos.
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Este artigo foi originalmente publicado em https://telemedicinamorsch.com.br/blog/sarampo-principais-sintomas-tratamento-e-prevencao
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