segunda-feira, 27 de setembro de 2021

QUAIS SÃO OS SINTOMAS DE PROBLEMAS NA TIREOIDE E QUANDO BUSCAR AJUDA?

 Pacientes - Marcar Teleconsulta

Quais são os sintomas de problemas na tireoide e quando buscar ajuda?

Você sabia que a tireoide é uma das estruturas mais importantes de todo o organismo humano?

Ela é responsável pelos hormônios que regulam praticamente todas as funções do corpo, desde nosso humor, até o peso, as batidas do coração, o trânsito intestinal, entre muitas outras.

Seu funcionamento é tão abrangente, que o surgimento de problemas pode ser difícil de detectar, justamente porque as consequências podem nos afetar dos pés à cabeça. 

Caso você tenha ganhado muito peso repentinamente, teve mudanças bruscas no humor, sente palpitações ou percebeu outros sintomas inespecíficos, há a probabilidade que sua tireoide esteja alterada.

Mas afinal, o que é tireoide exatamente e por que ela exige tanta atenção?

Ao longo deste artigo, esclareço as respostas para essas perguntas e abordo todos os pontos indispensáveis para que você mantenha-se atento e consciente sobre o assunto. Acompanhe. 

O que é tireoide?

Uma das maiores glândulas do corpo humano, a tireoide, fica localizada no pescoço, logo abaixo do Pomo de Adão. 

Ela possui dois lobos com formato de “borboleta” e atua na produção dos hormônios T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina), responsáveis pela regulação de todos os sistemas do organismo.

Isso significa que a tireoide dita a função de órgãos de suma importância para nossa saúde, como o cérebro, o fígado, o coração, os rins, entre outros.

Ou seja, seu funcionamento interfere em questões como o peso, a concentração, a fertilidade, o humor, a regulação de ciclos menstruais, o desenvolvimento das crianças, a memória, equilíbrio emocional, e assim por diante. 

Quando a glândula tireoide está alterada, ela pode tanto liberar uma quantidade insuficiente de hormônios quanto produzi-los em excesso. 

Abordo com mais detalhes os seus possíveis problemas no próximo item. 

Principais problemas na tireoide

Como você pôde conferir logo acima, os problemas na tireoide geralmente estão relacionados à quantidade de hormônios liberados por ela. 

Confira abaixo como cada situação se caracteriza e e veja também uma terceira condição que também é comum na glândula: 

Hipertireoidismo

No hipertireoidismo, os hormônios da tireoide apresentam produção em excesso. Como resultado, as funções do organismo começam a atuar mais rápido do que deveriam.

Então, o paciente sente agitação, seu coração dispara, o sono piora, o intestino fica desregulado, o suor é excessivo, entre outros sintomas semelhantes.

Apesar de não ter causas bem definidas, relaciona-se o hipertireoidismo a doenças autoimunes, consumo excessivo de iodo ou de hormônios tireoidianos, além de inflamação, nódulos ou cistos na glândula. 

Hipotireoidismo

A partir das mesmas causas que mencionei acima, também pode ocorrer que a tireoide produza menos hormônios do que deveria. 

Sendo assim, ao contrário do caso anterior, o corpo passa a funcionar mais lentamente, provocando sonolência, batimentos cardíacos lentos, cansaço, ganho de peso, depressão, intestino preso, e assim por diante.

Nesses casos, podemos exemplificar como se o organismo ficasse sem “combustível” e tentasse “parar” a pessoa para que ela não gaste a pouca reserva que tem. 

Nódulos de Tireoide

Também podemos mencionar que ocorrem eventualmente nódulos na tireoide, que apesar de desencadear os casos anteriores, por si só são assintomáticos.

Na grande maioria dos casos, sua ocorrência é benigna, mas devemos nos manter atentos à sua ocorrência para garantir o tratamento precoce caso necessário, que pode salvar vidas. 

Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, cerca de 60% da população brasileira tem esses nódulos em algum momento da vida, mas somente 5% deles são cancerosos. 

Dados sobre tireoide no Brasil

O hipotireoidismo é o problema da tireoide mais prevalente, sendo que 18 milhões de brasileiros, ou 8,5% da população, sofre com ele, segundo um estudo publicado no portal Terra.

Apesar do grande número de casos, dados apresentados no Encontro Brasileiro de Tireoide e divulgados no Veja Saúde indicam que 40% dos pacientes não prezam pelo controle adequado.  

Isso acontece por conta da inespecificidade e diversidade de sintomas, que muitas vezes dificultam o diagnóstico da doença.

Além disso, o tratamento pode exigir várias alterações até que apresente resultados efetivos, o que faz muitas pessoas o abandonarem com o passar do tempo. 

Inclusive, se encontram as mesmas dificuldades no combate do hipertireoidismo, que atinge apenas 2% da população. 

No caso dos nódulos na tireoide, como mencionei anteriormente, o número de manifestações malignas apresentam baixa ocorrência.

Como tratar problemas na tireoide?

Como a detecção precoce é comum (conforme abordo no item sobre diagnóstico) e a evolução é lenta, 95% dos cânceres de tireoide são curados.

Quem deve ficar atento a problemas na tireoide? 

Agora que você já sabe quais são os tipos, a prevalência e o que causa a tireoide alterada, tenha em mente que os problemas na região não dependem de idade ou de sexo.

Dito isso, mesmo que as alterações possam acometer qualquer perfil de indivíduo, certos grupos apresentam mais suscetibilidade, como: 

Idosos

Pessoas com mais de 65 anos de idade apresentam de maneira mais frequente alterações na tireoide. A maioria dos casos apresentam-se como hipotireoidismo, que nem sempre precisam ser tratados.

Indivíduos com histórico familiar

Todos aqueles que têm familiares com problemas na tireoide precisam ficar atentos. Outras doenças autoimunes na família, como diabetes, psoríase e artrite reumatoide, também exigem atenção em relação às condições da glândula. 

Mulheres

De acordo com os mesmos dados da Veja Saúde que citei no item anterior, as mulheres são dez vezes mais suscetíveis às disfunções na tireoide. Os riscos maiores ocorrem na menopausa e durante a gestação, o que inclusive pode prejudicar o processo de gravidez. 

Bebês

Os recém-nascidos podem sofrer com o hipotireoidismo congênito, que pode ser identificado pelo teste do pezinho e deve ser tratado o quanto antes, com objetivo de evitar sequelas e problemas de desenvolvimento. 

Pessoas expostas à radiação

Pessoas que trabalham expostas à radiação, ou que foram submetidas a ela na infância, podem ter alterações na tireoide. Contudo, há menores riscos que os demais, sendo que os diagnósticos de imagem não entram nesses casos. 

Sintomas comuns de problemas na tireoide

As disfunções na tireoide têm sintomas que podem variar bastante, o que contribui para a dificuldade do diagnóstico. 

Como você acompanhou nos itens anteriores, associa-se ao hipertireoidismo a agitação, emagrecimento e nervosismo, enquanto o hipotireiodismo causa perda de memória, ganho de peso, cansaço, entre outras consequências parecidas. 

De maneira geral, alguns sinais são bastante característicos nos dois casos e merecem atenção:

Esquecimento e falta de concentração

Quem percebe que sua cabeça não está mais funcionando como antes, provavelmente tem alterações na tireoide.

Nesse sentido, ocorrem esquecimentos constantes, principalmente no hipotireoidismo, ou que a concentração seja prejudicada, majoritariamente no hipertireoidismo.

Mudanças de humor

Por falar nas mudanças que a tireoide influencia em nossa mente, os sintomas também podem se manifestar no humor.

Normalmente, indivíduos com hipotireoidismo se tornam mais deprimidos, enquanto aqueles com hipertireoidismo tendem a ser mais ansiosos, agitados e irritáveis. 

Emagrecimento ou ganho de peso

O aumento ou a perda de peso repentina, percebido quando não há alterações significativas na dieta ou nas atividades cotidianas. 

Emagrecimento ou ganho de peso

Se o paciente engorda, o motivo pode ser porque o hipotireoidismo desacelerou as funções do organismo. Já o hipertireoidismo torna as atividades orgânicas mais rápidas, gerando emagrecimento severo.

Alterações intestinais

No mesmo sentido, a tireoide alterada pode desencadear alterações no processo de digestão e no funcionamento intestinal. 

Como consequência, o hipotireoidismo pode desencadear prisão de ventre, enquanto o hipertireoidismo desregula e “solta” o intestino. 

Sonolência ou agitação

Os pacientes com hipotireoidismo passam a dormir mais horas por noite, apresentam cansaço constante e sonolência, pois as funções do corpo estão desaceleradas.

Em contrapartida, o hipertireoidismo diminui o tempo de sono e aumenta a agitação do paciente, mas como consequência também há a elevação de sua fadiga.

Dores musculares

Alguns casos de problemas na tireoide podem ser acompanhados de dores musculares ou até formigamentos. 

Isso ocorre pelo dano que os hormônios desregulados geram nos nervos responsáveis pela condução dos sinais elétricos do cérebro ao restante do corpo. 

Pele seca e queda de cabelo

Na grande maioria das situações, quando os hormônios regulados pela tireoide não estão nos níveis certos, as consequências podem ser percebidas diretamente no cabelo e na pele.

Com isso, pode ocorrer coceira, queda de cabelo e pele seca, que muitas vezes surgem sem motivos aparentes, como tempo seco e frio, por exemplo. 

Pressão alta

A pressão alta pode ser uma consequência direta da tireoide alterada ou ainda surgir por conta do aumento dos níveis de colesterol gerados pelo hipotireiodismo.

Além disso, o paciente pode sentir palpitações significativas, com sensação de pulsação nos pulsos e no pescoço. 

Desconforto no pescoço e na garganta

Como a glândula fica no pescoço, as alterações podem causar desconfortos na região ou desencadear dores de garganta.

Somado a isso, também podem surgir nódulos ou caroços na área próxima ao pomo de adão, o que quase sempre indica cisto na tireoide, hipo ou hipertireoidismo. 

Quando é hora de buscar ajuda para a tireoide?

tireoide é grave apenas quando o tratamento é tardio, e isso significa que você deve buscar por atendimento médico sempre que perceber algum sintoma. 

O  especialista mais indicado é o endocrinologista, que deve avaliar o paciente clinicamente e então solicitar alguns exames específicos para as alterações.

A presença de apenas um sintoma não confirma problemas na tireoide. Na maioria dos casos, há diversos sinais simultâneos.

Além disso, há a necessidade de ficar atento à presença de caroços, nódulos ou do aumento cervical, pois a tireoide aumentada muitas vezes ocorre junto das mudanças hormonais. 

Como as manifestações do hipo ou hipertireoidismo são bastante vastas, o médico deve seguir corretamente as rotinas de diagnóstico, que explico melhor logo abaixo.

Como é feito o diagnóstico de problemas na tireoide?

Depois de avaliar as queixas do paciente, seu histórico clínico e as condições da região onde fica a tireoide, o endocrinologista precisa confirmar o diagnóstico por meio de alguns exames.

Para isso, realiza-se algumas análises sanguíneas e de imagem, que ajudam a determinar as condições e a função da glândula.

Os exames de sangue recomendados são o de TSH e de T4 livre, que apontam a quantidade de hormônios que circulam no organismo e como a tireoide está os controlando.

Nos pacientes diagnosticados, identifica-se o TSH em níveis abaixo do normal e o T4 livre muito alto. 

Inclusive, além da investigação dos sintomas, esse exame de tireoide por coleta sanguínea pode ser feito rotineiramente ou ainda para auxiliar no controle do tratamento. 

Por fim, também é importante que o especialista peça o ultrassom da tireoide, que coleta imagens de ultrassonografia no pescoço e ajuda na conclusão diagnóstica. 

Como tratar problemas na tireoide? 

 Como tratar problemas na tireoide?

As alterações da tireoide têm cura relativa, que depende do uso contínuo de medicamentos para regular sua função.

Ou seja, o objetivo do tratamento é eliminar os sintomas, restabelecer as funções do organismo, prevenir agravamentos e garantir a qualidade de vida do paciente. 

Os remédios para tireoide servem para bloquear ou aumentar os níveis de hormônios tireoidianos no sangue.

Isso significa que as substâncias e sua dosagem variam de acordo com cada tipo de manifestação e as características do indivíduo. A automedicação jamais deve ser considerada. 

Vale ressaltar que é direito do paciente que a terapia medicamentosa seja priorizada, mas ela pode falhar em alguns casos.

Nessas situações, os especialistas recorrem para tratamentos com iodo radioativo ou até cirurgia para retirada da glândula, que exige terapia de reposição hormonal para o resto da vida.

Conclusão

Como você pôde perceber ao longo deste artigo, a tireoide é uma glândula de suma importância para o organismo, que atua na liberação dos hormônios que ditam o funcionamento correto dos nossos órgãos.

Caso suas atividades estejam acima ou abaixo do normal, uma série de sintomas podem surgir e prejudicar nossa qualidade de vida. 

Apesar dos sinais serem diversos e difíceis de determinar, há uma  boa notícia de que eles quase sempre podem ser minimizados caso um especialista seja consultado precocemente.

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Este artigo foi originalmente publicado em https://telemedicinamorsch.com.br/blog/tireoide

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin

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