Você provavelmente já sabe o que é amigdalite, mas será que conhece todos os cuidados que essa doença exige?
Afinal, se por um lado a condição é relativamente comum e de tratamento simples, por outro ela pode se tornar reincidente e exigir métodos mais severos.
Ao mesmo tempo em que é preciso ter cautela contra o uso excessivo de medicamentos e intervenções desnecessárias, a falta de atenção à patologia pode levar a problemas sérios.
Dito isso, como tratar a amigdalite? A seguir, entenda melhor como a patologia se caracteriza, quais seus principais tipos, sintomas, fatores de risco, meios de contágio, diagnóstico, combate e prevenção.
O que é amigdalite?
Primeiramente, a amigdalite é uma inflamação que atinge as amígdalas, estruturas redondas que ficam na região da faringe, no caminho entre os sistemas respiratório e digestivo.
Logo, as amígdalas atuam na produção de linfócitos, que auxiliam nas defesas do sistema imune, e protegem a garganta contra a entrada de microorganismos.
Por atuarem nessa “linha de defesa” e ficarem expostas a tudo o que vai à boca, como comidas, bebidas e a própria passagem do ar na respiração, elas se tornam grandes alvos de vírus e bactérias.
Durante a doença, ao tentar combater esses invasores, o organismo ativa um processo inflamatório, que faz as amígdalas incharem.
Sendo assim, as consequências dessa inflamação podem variar de acordo com o tipo de amigdalite. Conheça seus sintomas e como eles se diferenciam em cada caso a seguir.
Quais são os sintomas de amigdalite?
Como citei acima, a amigdalite tem sintomas que variam de acordo com o seu tipo de manifestação.
Contudo, com exceção do pus nas amígdalas, que só ocorre na amigdalite bacteriana, os sinais costumam ser os mesmos, só variando em sua intensidade. São eles:
- Irritação na garganta;
- Sensação de rigidez no pescoço;
- Mau hálito;
- Dor de cabeça;
- Febre;
- Dificuldade para engolir;
- Aumento dos gânglios nas regiões do pescoço e da mandíbula;
- Voz rouca.
No próximo item, entenda melhor como esses sintomas mudam de acordo com os tipos da doença.
Sobre os tipos de amigdalite
Em primeiro lugar, temos a amigdalite aguda, ou seja, aquela infecção que dura por até 3 meses. Depois, a amigdalite crônica, que tem duração maior que 3 meses ou ocorre de maneira recorrente.
Além disso, em ambas as situações, os tipos também podem variar se ocorrerem por vírus ou bactérias. Seus principais pontos de diferenciação incluem:
Amigdalite viral
Quando a doença se provoca por vírus, os sintomas tendem a ser mais leves, incluindo faringite, rouquidão, aftas, inflamação na gengiva e os demais sinais que descrevi no item anterior, com exceção do pus na garganta.
Amigdalite bacteriana
Já quando a infecção se gera por bactérias, os sintomas que listei anteriormente costumam ser mais duradouros e fortes, e também com a presença de pus na garganta. Seus principais causadores são as bactérias dos tipos estreptococos e pneumococos.
Ainda em relação ao que causa amigdalite, informações do portal Revista Saúde sugerem que cerca de 75% das manifestações são virais, enquanto o restante corresponde às bacterianas.
Principais fatores de risco da amigdalite
Uma vez que a amigdalite pode se desencadear por bactérias e vírus, é evidente que seus fatores de risco se relacionam aos meios de infecção por esses microrganismos.
Antes de discutir a transmissibilidade desses agentes, que me aprofundo no item seguinte, é importante ressaltar que outras condições podem favorecer a ocorrência da doença. Entre elas, as principais incluem:
- Aglomerações, especialmente em locais fechados;
- Uso recorrente de ambientes pouco ventilados ou com ar-condicionado;
- Suscetibilidade do organismo a infecções na região das amígdalas;
- Amígdalas muito grandes e volumosas, que são mais propensas a infecções;
- Presença de refluxo gastroesofágico;
- Tabagismo, tanto ativo quanto passivo.
Outro ponto relevante é que as crianças têm mais riscos de sofrer com a amigdalite, uma vez que seu sistema imunológico ainda não está bem desenvolvido e as mesmas se tornam mais suscetíveis à ação de microorganismos na região da faringe.
Esse mesmo processo também ocorre com diversas doenças, como bronquite, pneumonia, entre outras.
A amigdalite é contagiosa?
Como tem causas em agentes virais e bacterianos, a amigdalite é uma doença contagiosa e que pode se adquirir de uma pessoa para outra em determinadas situações.
Assim, o mais comum é que os microorganismos passem através da inalação de gotículas no ar, que se libera quando o paciente espirra ou tosse.
Nesse sentido, a transmissão também pode ocorrer no beijo ou até durante os contatos íntimos entre parceiros.
Em casos menos recorrentes, as pessoas podem pegar amigdalite por meio do toque em objetos com contaminação. Por exemplo, quando alguém doente encosta numa maçaneta de porta, e então outro indivíduo a toca e mexe na boca ou no nariz sem antes lavar as mãos.
Inclusive, esse é outro fator que torna a doença comum entre as crianças, que têm o costume de encostar a boca nos objetos ou de tocá-la sem higienização prévia.
Isso também reforça como é importante ter cuidado na lavagem das mãos, de cobrir a boca ao espirrar ou tossir e jamais compartilhar itens de uso pessoal, como talheres, pratos e copos.
O processo de diagnóstico da amigdalite
Durante a consulta médica, o profissional de saúde poderá determinar a presença da doença apenas por meio de uma investigação clínica.
Para isso, um palito esterilizado empurra a língua do paciente para baixo. Então, um feixe de luz se direciona às amígdalas para facilitar a sua visualização.
Nesse ato, o clínico geral ou especialista já consegue verificar se a região está inchada, se há mau hálito (que é característico da amigdalite) e até se há vestígios de pus (que é um sinal clássico da infecção por bactéria).
Em complemento, o médico precisa realizar uma espécie de entrevista junto ao paciente. O objetivo é conhecer seu histórico clínico, o tempo de duração dos sintomas, suas características e outras informações importantes para o diagnóstico.
Caso os sinais sejam semelhantes aos de uma gripe, a tendência é que o problema seja uma amigdalite viral. Já quando há febre, gânglios inchados e sinais de pus, a ocorrência é de amigdalite bacteriana.
Compreender a origem da patologia é imprescindível para direcionar o tratamento correto, que explico mais detalhadamente no próximo item.
Contudo, nem sempre o exame clínico traz sinais suficientes para confirmar o tipo de infecção que acomete o paciente. Nessas situações, é fundamental realizar um exame de sangue.
Isso porque esse cuidado evita o uso equivocado ou desnecessário de antibióticos, que se indica apenas quando há a presença de bactérias.
Caso o diagnóstico esteja errado, o abuso de antibióticos para amigdalite pode levar à resistência bacteriana no organismo da pessoa, que compromete a ação desse tipo de medicamento quando ele realmente for preciso no combate de outra doença.
Como tratar a amigdalite?
Conforme mencionei anteriormente, a amigdalite tem tratamento e varia de acordo com seu tipo de infecção. Ou seja, tudo muda conforme sua manifestação viral ou bacteriana.
No caso da infecção bacteriana, se indica ministrar antibióticos para amigdalite com derivação de penicilina.
Por mais que a doença tenha duração média de 3 dias na grande maioria dos casos, esse medicamento se recomenda durante 5 a 7 dias. Assim, pode-se confirmar que a bactéria já não está no organismo.
Nessas situações, o uso de analgésicos pode garantir mais bem-estar ao paciente até sua completa recuperação, assim como certos remédios para diminuir a febre.
Nos casos virais, não se deve fazer uso dos antibióticos, sendo que o tratamento se restringe a remédios para amigdalite com base no controle da dor e da febre.
Nas duas situações, também é possível empregar anti-inflamatórios para amigdalite, a fim de garantir um melhor controle do processo de inflamação.
Em complemento a essas intervenções, é direito do paciente que o médico recomende cuidados extras para fortalecer o sistema imune e garantir um melhor controle da patologia.
Isso inclui o consumo de bastante líquidos, repouso, além da preferência por alimentos mais pastosos e ricos em vitamina C.
Com o aval do médico, uma solução caseira também é possível para auxiliar no combate da doença. Como o sal é antibacteriano, o tratamento clínico pode se somar a gargarejos com água morna duas vezes ao dia.
Vale reiterar que isso deve ser visto apenas como um suplemento às intervenções e medicamentos que o profissional de saúde recomenda, e jamais como uma substituição.
Ainda, quando o especialista não está ciente do remédio caseiro e ele é usado de forma inadequada, pode-se comprometer o tratamento.
A cirurgia das amígdalas é recomendada?
Quando a patologia for muito recorrente e grave, é possível recomendar uma cirurgia para a retirada das amígdalas. Especialmente, para pessoas que têm elas muito grandes.
Contudo, é importante ressaltar que isso se restringe a casos extremos, e que exigem cautela entre os profissionais de saúde.
O motivo é que a intervenção pode trazer mais danos do que benefícios quando não for realmente necessária, e sua recuperação tende a ser desconfortável para os pacientes.
Para você ter uma ideia, de acordo com um estudo do portal da Associação Brasileira de Planos de Saúde, cerca de 90% das cirurgias de amigdalite são desnecessárias.
Isso só reforça como o procedimento não deve ser visto como uma solução corriqueira para a amigdalite, mas sim como uma exceção para situações específicas.
Como prevenir a amigdalite?
De acordo com o que expliquei no item sobre o contágio da amigdalite, sua prevenção tem relação direta com os meios de infecção por vírus e bactérias.
Isso significa que as principais medidas preventivas incluem a lavagem frequente das mãos e do rosto, o não compartilhamento de itens de uso pessoal e o cuidado no contato com pessoas que apresentam os sintomas típicos da doença.
Hábitos saudáveis também são importantes para fortalecer o sistema imune. Por exemplo, a ingestão recorrente de água e outros líquidos, que previne o ressecamento da garganta e evita a ação de microorganismos invasores.
Nos casos de amigdalite crônica, em que a patologia é recorrente, é fundamental realizar uma investigação profunda junto ao médico para verificar a possível ocorrência de refluxos gastroesofágicos (que favorecem infecções na região da faringe).
Para finalizar, jamais deixe de consultar um médico em casos de suspeitas e nunca opte pela automedicação.
Isso porque o uso incorreto de antibióticos, anti-inflamatórios e outros medicamentos pode piorar ainda mais o quadro, dificultar o tratamento e até mesmo gerar resistência, que causa sérias consequências para o combate de outras possíveis doenças.
Conclusão
Ao longo deste artigo, expliquei que a amigdalite é uma doença inflamatória que atinge a região das amígdalas, de forma crônica ou aguda, e que pode resultar de uma infecção por vírus ou bactérias.
Seus sintomas incluem febre, dificuldades para engolir, mau hálito, dor de cabeça, irritação na garganta e rouquidão. Além de aumento dos gânglios e rigidez no pescoço, sendo que a presença de pus só acontece quando sua manifestação é bacteriana.
Os principais tratamentos demandam medicamentos para controlar a dor, a febre e a inflamação. Porém, o uso de antibióticos se restringe ao acometimento por bactérias. Além disso, soluções caseiras com água e sal só se recomendam com a ciência do médico.
Se você gostou de saber mais sobre a amigdalite e quer se manter informado sobre outras condições tão importantes quanto essa, não deixe de conferir nossos próximos conteúdos.
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Este artigo foi originalmente publicado em https://telemedicinamorsch.com.br/blog/amigdalite
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